domingo, 16 de outubro de 2011

Absolutismo Ingles - Tudors

No período conhecido como Idade Média, a monarquia inglesa foi considerada muito mais poderosa que a monarquia francesa, mesmo tendo produzido o absolutismo mais fraco e menos duradouro. Mas para compreendermos melhor o assunto, devemos iniciar a analise absolutista antes mesmo de seu inicio.
Durante o século XV, a família Lancaster (representada em seu brasão por uma rosa vermelha) e a família York (que em seu brasão usava uma rosa branca) entraram em guerra pelo trono inglês, esta guerra ficou conhecida como a Guerra das Duas Rosas. Ao fim desta, a família Tudor (representada em seu brasão a união das rosas branca e vermelha) conquista o trono inglês e assim inicia-se o governo de Henrique VII. Henrique VII dedicou seu governo a reconstruir o reino, que fora devastado pela guerra, investiu também na construção de uma frota marítima-comercial, após sua morte, Henrique VIII é coroado rei, seu governo foi marcado pela efetivação do absolutismo inglês, mesmo que em seus primeiros 20 anos de governo fora marcado por poucas mudanças.
Henrique VIII fora casado com Catarina de Aragão, viúva de seu irmão, da qual somente uma filha, Maria Tudor, de todas as gravidezes ela foi a única que sobreviveu, percebendo então que sua esposa já não poderia lhe dar um herdeiro homem, Henrique VIII buscou em Ana Bolena um novo casamento, mas para isso foi necessário um rompimento entre a monarquia inglesa e a igreja católica, o que ocorreu posteriormente foi a formação de uma igreja própria e oficialmente inglesa, a Anglicana.
A igreja Anglicana de Henrique VIII cresce favoravelmente com o apoio da nobreza inglesa, e confisca os bens e propriedades da igreja Católica na Inglaterra.
Ana Bolena tornou-se rainha da Inglaterra e deu a Henrique VIII uma única filha, Isabel Tudor, assim como Catarina de Aragão, os outros filhos não sobreviveram, Henrique VIII começou a perder sua atração por Ana e fez com que ela fosse presa acusada de bruxaria, adultério, incesto e conspiração, o que resultou em sua decapitação.
O rei Henrique VIII casou-se com Joana Seymour, após a morte de Ana Bolena, Joana concedeu a ele um único herdeiro homem, Eduardo VI, com isso o rei declara que suas filhas Maria Tudor e Isabel Tudor são ilegítimas deixando Eduardo VI como seu único herdeiro.
Com a morte de Henrique VIII, Eduardo VI é coroado como rei, porem morre alguns anos depois, sua irmã Maria Tudor, filha do primeiro casamento de Henrique VIII, é coroada rainha.
Porém é o governo de Isabel Tudor, ou também chamada de Elizabeth I, que foi considerado A Era de Ouro. Seu governo foi considerado um período de ascensão ao que pode ser chamado de império britânico, por sua forte produção artística, investimento na marinha inglesa, as suas tentativas de colonização da America do Norte.
’Em 1588, Elizabeth I era senhora da marinha mais poderosa que a Europa já conhecera.’ [...] O novo domínio dos mares conquistados pela Inglaterra teve resultados decisivos em dois campos. A substituição da guerra terrestre pela guerra naval [...] Ao mesmo tempo, o interesse da classe dominante pelas atividades navais conduziria proeminentemente a uma orientação comercial. (PERRY ANDERSON, 1998 - p.133)
Deve-se lembrar que o poder naval inglês não deve somente ser responsabilidade de Elizabeth, Henrique VIII iniciou em seu governo, a expansão naval inglesa, o que posteriormente foi ampliado por Elizabeth.
Elizabeth morre, sem ter casado e deixado herdeiros, finalizando com ela a dinastia Tudor.
Resumindo, durante a dinastia Tudor, a Inglaterra conquistou um desenvolvimento importante, “Henrique VIII e Elizabeth I unificaram o país, dominaram a nobreza, afastaram a ingerência papal, criaram a igreja a nacional inglesa, confiscaram terras da Igreja Católica e passaram a disputar os domínios coloniais com os espanhóis.” (AQUINO, R., ARRUDA, J.J.)


Referencias
AQUINO, R., ARRUDA, J.J. Revolução Inglesa. Disponível em: www.culturabrasil.pro.br/revolucaoinglesa.htm - Acesso em: 02 de jun. 2011
ANDERSON, P. Inglaterra. In: Linhagens do Estado Absolutista – Porto: Afrontamento, 1984.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A Visão do Paraíso

HOLANDA, S. B. VIII. Visão do paraíso. In: A Visão do Paraíso: os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil, São Paulo: Brasiliense, 2000.
Introdução: Fichamento sobre o capitulo “Visão do Paraíso”, no qual Sérgio Buarque de Holanda trata a veracidade retratada por cronistas ao relatar, ao encontrar na America uma descrição dita exata do paraíso descrito nos Genesis.
Autoria: Erika Moraes Rosa de Carvalho - Setembro/2011

            Durante seu texto sobre “A Visão do paraíso”, Sergio Buarque, demonstra as varias maneiras que cronistas do séc. XVI descrevem as “Indias Ocidentais” e os nativos do chamado “Novo Mundo”, após a chegada de Colombo.
            Traz em seus relatos uma simbologia pré-formulada, ao tratarem os nativos como seres puros e sem malicia, ou seja, inocentes e livres de pecado, o que segundo Sergio Buarque provaria uma “[...] visão imaculada [...]” (p. 233)
           O deslumbramento de Cabral com o novo continente, dentre tantos outros conceitos adaptados por diversos cronistas, tende a assimilar a descoberta como "o paraíso" descrito nos Genesis, assumindo assim a forma desejada e descrita miticamente.
           “[...] algum lugar remoto, resguardado do mundo pela imensidão dos mares, e entre gentes tão nuas de roupas quanto de vícios, se acharia alguma imagem atenuada, embora daquilo que foi o paraíso.” (p. 240)
           Havia também, não só uma tal inquietude com relação aos nativos, mas também com relação a fauna e flora local.
         [...]alegan lo primero, que faltan ou algunas espécies en el Universo, que hubo en los pasados siglos; como entre los peces El Murice, ò Purpura, com cuya sangre se teñian los vestidos de los Reyes: entre los brutos El Monoceronte, ò Unicornio; entre las aves El Fenix; entre lãs plantas El Cinamomo; entre lãs piedras El Amianto, de cuya fibras se hacia el lino llamado asnestino, ò Incombustible. (p. 240)
[tradução] a primeira afirmação, que falta ou algumas espécies no universo, que existiram nos séculos passados​​; como entre os peixes o Murica; ou como o roxo, cujo sangue roupas manchadas dos Reis; entre os brutos, os Monoceronte, o Unicornio; entre as aves, a Fênix, entre as plantas, as Cinamomo, entre as pedras, o amianto, que cujas as fibras se fazia o linho chamado asnestino, ou não-combustíveis.

           Toda esta crença deixa clara a ideologia sobrenatural, da natureza aqui existente, exposta pelos europeus sobre o Novo Mundo.
           Contudo ao descrever o pensamento e crenças do período (renascentista) em que vivia a Europa, é fácil interpretar a necessidade, talvez até a veracidade da descoberta do período, afinal “[...] como não dar credito aos que alegassem a seneetude da terra[...]” (p. 250)
            Havia um certo fascínio descrito ao Colombo deparar-se com a fauna nativa.
[...] três variedades de coelhos e de uma casta de cães que não ladram [...] rouxinóis, cujo canto julgou ouvir como enfeitiçado [...] serpente de sete pés de comprimento [...] além de pacifica e benigna, tinha carne banca e de suavíssimo sabor [...] porém, quanto aos papagaios, e deles levou nada menos que quarenta [...] eram todos muito alegres, de cores vivacíssimas, uns verdes outros amarelos, alguns com uma faixa vermelha no pescoço, o modo de grotoejas[...] (PP. 254-255)
            A descoberta de um pássaro que poderia imitar a vós humana traria mais veracidade a ideia de que o Paraíso fora encontrado, pois é descrito que anjos seguidores de Lucifer, após a revolta, foram transformados em pássaros que poderiam entoar hinos à Gloria de Deus.
            O cenário edênico proposto pelos cronistas da época não para somente aí, a ideia de paraíso também deve ao fato de que:
[...] não se conhece ali neve ou granizo, e nada é triste ou corrupto; sem haver febre ocorre o antídoto, e não existindo defeitos na Natureza, já lá aparecem os remédios. Ausentes o horror hibernal e as intempéries, prevalece constante a primavera, e tudo quanto há vai em aumento pela própria harmonia do tempo. (p.258)
            Dentre tantas provas da realeza edênica encontrada no continente, destacava-se a de que havia resquícios de existência da fênix, que seria provada pela jibóia, que “[...] depois de morta e despido de carne e seu espinhaço, dizia-se que novamente se cobria dela e tornava a viver.”(p. 261) pois se havia a possibilidade de uma cobra descamar-se de sua velhice e morte, e tornar-se jovem novamente a ponto de alcançar a eternidade, poderia ser encontrada também uma ave de tal poder!
            A mitificação do território não para nestes vestígios milagrosos, pois vai além, através de testemunhos é relatada  a metamorfose do beija-flor.
            “Sou testemunha, que vi com meus olhos, huma dellas meia ave e meia borboleta, ir-se aperfeiçoando debaixo da folha de huma latada, ate tomar vigor e voar.” (p. 262)
Este tipo de relato não é único, o que acaba transformando-se em realidade, pois neles existia uma retórica rica em detalhes.
A associação da ideia de paraíso com a fauna e flora presentes no novo mundo era também fonte natural de recursos curativos como é descrito:
O corno da anhuma, e ainda os esporões que lhe saem das asas, ou mesmo os ossos, mormente os da perna esquerda, passaram entre nós a ser panacéia e preservativo universal. Bebidas em água ou vinho, suas raspas curavam ate picadas de cobra. Aos mudos daria esse chifre o dom da palavra, segundo aconteceu a um menino que entrou a falar, di-lo Fernão Cardim, quando lhe ataram ao pescoço poderoso talismã. (p. 266)
Diante de tanta prova edênica, ao depararem-se cm uma erva que ao ser tocada recolhia-se imediatamente, ocorre lhes ali a comparação a castidade de Eva.
Pode se assim afirmar que todos esses fatos revelam a necessidade do renascimento em significar todas as coisas, dar-lhes um propósito, mas, sobretudo foram os espanhóis os povos que se apegaram “[...] por mais tempo a concepções que tinham parecido particularmente atraentes para sua gente e que exprimiram em maior ou menor grau [...]” (p. 269)
Outro fato de grande valor e importância foi a constatação da existência do maracujá (que assim como a maçã, também descrito como fruto do pecado de Adão e Eva) no território do atual Perú, cuja suas folhas (segundo explicações bíblicas) serviram para que adão e Eva cobrissem sua desnudes.
Não caberia atribuir grande significado, por si só, a tais coincidências, certamente involuntárias, ou melhor, dependentes de um modelo mais ou menos fixo que atravessando os séculos parecera sempre adaptar-se, e quase indistintamente, a todos os sítios cuja amenidade e formosura se quisesse realçar. [...] ‘a terra é mui temperada’ [...] (p. 291)
Os relatos descritos edenicamente sobre o Novo Mundo, resultou  no “[...] desenvolvimento da exploração e colonização do Brasil.” (p. 292)